Ao longo do último ano, a subida das taxas de juro tem sido notícia praticamente todos os dias pelas suas consequências, por exemplo, para os créditos habitação.
A cada nova comunicação de Christine Lagarde, presidente do BCE (Banco Central Europeu), os consumidores detentores de um crédito habitação tremiam porque o anúncio de uma subida da taxa de juro ir-se-ia refletir imediatamente no valor da mensalidade a pagar.
Esta decisão, assim como muitas outras, estão dentro daquilo a que se chama política monetária, mas saberá em que é que esta consiste e quais os seus efeitos?
O que é a política monetária?
Em termos gerais, a política monetária da União Europeia consiste no conjunto de decisões que o BCE, entidade independente dos governos e autoridades europeias, define no exercício do seu mandato de modo a influenciar e controlar o custo e a quantidade de dinheiro existente na economia.
Para além da quantidade de dinheiro existente e do seu custo para empréstimo, o BCE leva ainda em consideração preocupações com o crescimento económico e o emprego, a estabilidade financeira e as alterações climáticas, desde que, contudo, estas não prejudiquem a estabilidade da taxa de inflação e, consequentemente, dos preços de bens e serviços.
Ao utilizar a política monetária para regular e controlar a variação dos preços dos bens e serviços que consumimos, o BCE tem por grande objetivo manter a estabilidade dos preços na zona euro, isto é, garantir que os preços sobem de forma controlada e gradual, mantendo, deste modo, uma taxa de inflação baixa.
Entre as decisões-chave que estão a cargo do Banco Central Europeu no que toca à zona euro, está a tão bem conhecida fixação das taxas de juro oficiais, taxas que, face à alta inflação registada desde 2022, tem sofrido subidas sucessivas que estão a ter impacto na vida de todos nós.
Quais os efeitos da política monetária nas taxas de juro?
Ao definir o “valor do dinheiro”, a política monetária acaba por afetar de forma decisiva a nossa vida diária, já que vai influenciar não só os preços dos bens e serviços, como também o custo dos empréstimos.
O impacto mais conhecido é sobre o crédito habitação, uma vez que ao aumentar a famosa taxa EURIBOR (Euro Interbank Offered Rate), taxa de referência que resulta da média das taxas de juro dos empréstimos feitos entre bancos da zona Euro, a mensalidade dos contratos de crédito habitação com taxa mista ou variável sofre imediatamente uma subida considerável.
Contudo, não é apenas no crédito habitação que a subida ou descida das taxas de juro tem impactos imediatos.
Ao atualizar as taxas de juro de referência no âmbito da sua política monetária, o BCE está a mexer diretamente com o custo de outros produtos financeiros, como os cartões de crédito e dos créditos pessoais.
No caso dos recentes aumentos da taxa de juro de referência, esta subida leva, na prática, a que o BCE cobre taxas mais altas aos bancos comerciais que, por sua vez, acabam por aumentar o custo do dinheiro que emprestam a particulares e empresas e levar a uma maior retração dos consumidores e a uma queda do preço dos bens e serviços a médio-longo prazo.
Quando, ao invés de um aumento, o BCE decide um aumento da taxa de juro de referência, acontece o inverso, ou seja, os créditos ficam mais baratos e apelativos para os consumidores.
Por exemplo, se está a pensar pedir um empréstimo pessoal para financiar obras de renovação da sua casa ou a compra de um novo automóvel e recorreu ao simulador de crédito pessoal online do UNIBANCO, não só vai ficar a saber qual o valor da mensalidade para o montante de financiamento e prazos de reembolso que escolheu, mas também qual a taxa de juro que está a ser aplicada ao seu empréstimo.
Imaginemos que precisa de 10 mil euros que pretende pagar em 84 meses e recorreu ao simulador de crédito pessoal do UNIBANCO. Através do simulador pode pedir entre 5 mil e 75 mil euros a pagar entre 24 e 84 meses, para o montante e prazo que definidos, vai ficar a pagar uma mensalidade de 185,32 euros à qual é aplicada uma TAEG de 15,2%, isto é, a taxa de juro do empréstimo pessoal .
Se, ao invés de 10 mil euros a pagar em 84 meses, tivesse pedido 5 mil euros a reembolsar em 24 meses, a TAEG seria mais baixa.
Como vimos, as políticas monetárias acabam por influenciar diretamente as taxas de juro que, por sua vez, levam a que os particulares e empresas possam pagar mais ou menos pelos seus empréstimos e, consequentemente, o preço dos bens e serviços seja mais baixo ou mais alto.
* A simulação apresentada diz respeito a um financiamento de €10.000 a pagar em 84 mensalidades de €185,32. TAN 13,100% e TAEG 15,2%. MTIC €15.744,18.